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O ipê amarelo e o renascer das selvas mimosenses (Por Thiago Costa Santiliano)

Quinta-feira, 07 de Dezembro de 2023 às 23:20

Por Redação in Foco

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Por Thiago Costa Santiliano

Geólogo

Não é de hoje que estamos notando as mudanças climáticas ocorrendo em todo o mundo. O Brasil por sua vez não fica fora disso. Em 2014 enfrentamos a pior seca já registrada em três décadas. Reservatórios secos, rios estrangulados por bancos de areais e fortes ondas de calor no inverno e na primavera. Mas o que está acontecendo com o nosso clima? Como sempre o primeiro dos réus, o El Niño.

Florestas derrubadas, áreas de pastagens e agrícolas sendo expandidas. Isso ninguém acusa.

Desde agosto de 2014 o Município de Mimoso do Sul – ES vem enfrentando a pior seca da história. Os rios e córregos gritam de desespero. O Muqui do sul, principal rio do município que antigamente era temido pela sua bravura e profundidade, hoje se tornou um rio seco. Um riacho. Fato contemplado pelas dezenas de pessoas que passam pelas pontes de Mimoso e se encantam em admirar o nadar dos peixes sobre as pedras que nunca foram expostas, até os dias de hoje. PARECE ATÉ UM NOVO PONTO TURÍSTICO DA CIDADE.

O nosso lençol freático está totalmente seco. E o resultado mais claro disso são os nossos rios e nossas florestas. Mimoso possui dois modelos de cobertura florestal, FLORESTA ESTACIONAL SEMIDESIDUAL: que cobre 85% do território mimosense, e a FLORESTA OMBRÓFILA DENSA: encontrada na parte nordeste do município, principalmente na Serra das Torres.

Cada umas desses modelos florestais tem uma atuação diferente para sobreviverem as secas.

A OMBRÓFILA DENSA mesmo sem chuvas num período máximo de 4 meses permanece sempre verde. Porém é a que mais sofre com as estiagens, pois muitas de suas folhas acabam sendo queimadas pelo sol escaldante e falta d’água para encharcar o solo.

A ESTACIONAL SEMIDESIDUAL é a que mais se adapta aos períodos de secas. Pois suas árvores como motivo de defesa perde a maioria de suas folhas para armazenar água, evitando assim a morte do vegetal. Por isso é comum em 2 a 3 meses de seca aquela aparência de árvores mortas e secas. Mas como provar essa teoria?

Lembramos que não vemos chuvas constantes e fortes desde o mês de agosto de 2014 e deste mês em diante nós mimosenses deparamos com árvores sem folhas e secas, fato que se olharmos hoje para essas mesmas árvores veremos o tom em verde renascendo novamente após os primeiros dias de chuva após a seca, ou seja, as árvores permanecem ainda vivas e prontas para garantir o seu papel na natureza.

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Como em todos os textos que fiz até agora, sempre deixei um alerta aos leitores. E este por sua vez, não poderia ficar de fora. Não derrubem e não ateiem fogo nas selvas mimosense só pelas suas aparências de estarem mortas. Pesquisem antes a real situação daquele ecossistema. ÀS VEZES AS APARÊNCIAS ENGANAM. Uma floresta que você derrubou hoje por achar que ela estava morta com a seca, assim que começar a chover você interromperá uma vida e causará um forte desequilíbrio, fazendo com que as secas nos anos seguintes sejam mais fortes e prolongadas, destruindo milhares de espécies de plantas e animais.

É lindo vermos após períodos de estiagens OS IPÊS AMARELOS FLORESCENDO com as chuvas no alto dos morros florestados de nossa Mimoso. Esse é o primeiro sinal de que ali, A VIDA RENASCE.

 

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