Rua São José (Por Gilberto Braga Machado)

Por Gilberto Braga Machado

Escritor e Presidente da Academia de Letras de Mimoso do Sul

Foto Arquivo: Renato Pires Mofati

A rua São José está conectada com o santo padroeiro da cidade, por razões religiosas. Até porque no passado a Casa Paroquial estava localizada na rua acima citada. O padres eram holandeses, nos anos de 1960, eles pertenciam a Ordem do Sagrado Coração de Jesus. Antes o padre mais querido e da modernidade era padre Franz Victor, de origem tcheca. O primeiro pároco das terras das lindas tulipas negras, se chamava Eduardo Van Der Valley, de cor caucasiana e de estatura alta, verbalizava com inteligência nas homilias. Certa vez foi a Marataízes e se bronzeou por demais, e nas noites de verão caminhava sem camisa rezando em voz baixa. Padres Eduardo, os irmãos Antonio e Henrique Revers, e o Julius, que terminou seus dias na Cidade de Deus no Rio de Janeiro, onde é conhecido por toda a comunidade local. Esses holandeses à noite bebiam vinho tinto seco e fumavam longos charutos. E o diálogo era em holandês essa linguagem anglo-saxônica estranha aos ouvidos tropicais.

O Pe.Julius organizou o “time do padre”, e o Rogério Lino era um bom atacante, e outros que não me lembro. A casa quase em frente a casa paroquial, morava Margarida Meneses, e as filhas Terezinha e Ritinha. A irmã de Margarida era Hilda, que dava aula particular, tinha um olhar germânico, e as vezes me dava “varadas” na cabeça. Mais acima era a casa dos Wigand (de origem alemã) onde havia uma colméia e vendiam mel puro de abelha. O Pipi e Pequetita tinham uma clã numeroso de filhos, e Pipi possuía um comércio de “secos e molhados” e na oralidade que passa de gerações em gerações, eis uma narrativa verdeira: Ari de Souza Pinto comprou uma dúzia de banana prata, e em seguida solicitou ao comerciante que embrulhasse, que assim respondeu: elas se encontram embrulhadas pela natureza. Em seguida recolheu as bananas. E não as vendeu.