Noticiário
Quinta-feira, 07 de Dezembro de 2023 às 23:18
Texto e Fotos: Renata Mofatti
Foi realizada na Câmara de Vereadores na última noite de quinta-feira, 23, das 19h às 21h30 uma Audiência Pública a respeito da pauta relacionada ao fechamento da Maternidade do Hospital Apóstolo Pedro de Mimoso do Sul.
A Audiência é uma reivindicação do direito à saúde, em especial às gestantes do município. Presidida pelo Vice Prefeito Paulo Renato Barros, o evento contou com expressiva presença do público formado pela população, profissionais da área da saúde, políticos, representantes da Saúde e membros da sociedade civil organizada.
Iniciando as falas do plenário, o Médico Ginecologista Dr. Nilmar Faber, representando os Vicentinos, disse que a população está ansiosa porque foi tirado um bem precioso e enfatizou que não se busca somente explicação, mas solução para o resgate da maternidade que existe há setenta anos. “Precisamos trabalhar em conjunto para oferecer força política e trabalhar junto ao Estado e questionar quais a providencias serão tomadas. Não podemos ficar quietos em favor de quem precisa”, destaca.
Trazendo informações técnicas, Bruna Celis Marim Lovatte, Técnica da Rede de Agência Materna e Infantil – Região Sul, comentou sobre a Rede de Atenção Materno Infantil, antes da Política Pública e destacou sobre a regionalização como forma de prestar uma boa assistência em todos os parâmetros exigidos pela Lei, verificando quantas maternidades são necessárias para atender a população e dentre elas atender a alguns requisitos como o fato de nenhuma maternidade poder estar a mais de cem km da população, contendo médico obstetra de plantão 24 horas por dia nos sete dias por semana, mais três médicos e uma enfermeira. “Essas e outras exigências trazem mais seguranças às mulheres em trabalho de parto e elas precisam ser atendidas por médicos e não técnicos de enfermagem”, destaca. Segundo ela, desde 2013, quando foi criada a Política de Assistência Materno Infantil, ocorreu uma pactuação regional onde os gestores da época fizeram acordo e Mimoso foi contemplado para o Hospital de Cachoeiro de Itapemirim no Hospital Infantil. “Mimoso havia decidido – até então – a não utilizar este serviço, mesmo sabendo que lá havia todo o suporte técnico e quantitativo de leitos. Destaco que Mimoso possui assistência de pré natal para risco habitual e profissionais especialistas para gestantes de alto risco e assim o Hospital de Mimoso continua sendo Pronto Socorro. Os atendimentos de urgência podem chegar ao Hospital que será acionado o SAMU para realizar o deslocamento da gestante, afinal isso acontece em outros municípios do entorno com a porta aberta do Hospital Infantil para atendimento. Na Maternidade terá tudo que será exigido na legislação. Como comparar hospital de pequeno porte com hospital de referência”, finaliza.
Segundo o Médico e Deputado Estadual Dr. Bruno Resende o que se torna necessária é a questão de saber como transformar a Maternidade de Mimoso viável. “O fechamento não me deixou nada feliz, e por isso precisamos encontrar uma saída para termos uma saúde com dignidade e qualidade. Não queremos qualquer saúde de qualquer jeito”, diz. Relembrando da Maternidade fechada no Hospital Evangélico em Cachoeiro de Itapemirim, o Deputado aponta que essa não é a primeira maternidade e ser fechada. E fazendo um cálculo matemático explicou que só para médico s e toda equipe de plantonistas necessárias para manter uma maternidade em funcionamento 24 horas em Mimoso do Sul, o investimento gira em torno de R$400.000,00 a R$300 mil reais ao mês, já que nosso município realiza uma média de 16 partos mensais. “Seria muito fácil chegarmos aqui e dizer que teremos o retorno da Maternidade em Mimoso, mas como viabilizar? Por isso se faz necessário uma união de forças políticas e buscar recursos para isso. Estou do lado de Mimoso e vamos lutar por nossa maternidade”, explica.
Dra. Inês Thomé Poldi Taddei, Promotora de Justiça / Dirigente do CAOPS – Centro de Apoio Operacional e Implementação das Políticas de Saúde, utilizou a sua fala para destacar que a Rede Cegonha está desde 2011 e toda pactuação é vigente. Mimoso pactuou desde 2013 juntamente com outros municípios no Hospital Infantil de Cachoeiro, tanto o risco habitual, quanto a de alto risco que absorveu toda a demanda necessária nesta Maternidade que é referência no SUS. “Mimoso não possui condições de sustentar a maternidade sem que o Estado integre à rede com subsídios financeiros”, finaliza a Promotora.
O Prefeito Municipal de Mimoso do Sul, Peter Nogueira da Costa, comentou que não é de forma alguma interesse do município o fechamento da Maternidade e por isso é necessária a união de forças buscando formas viáveis para que os serviços sejam com a maior qualidade possível às gestantes. “Repassamos uma média R$40 mil reais para a Maternidade do Hospital que já se comprovou que não é o suficiente. E temos que focar também no Pronto Socorro com qualidade no atendimento e diminuindo s filas de esperas. Essa é uma de nossas lutas! Todos os dias gostaríamos de levar boas notícias à população, mas nem sempre é possível, o que se comprova pelas sete enchentes que Mimoso já sofreu. Se nossa gestão agisse de forma irresponsável, nós retiraríamos todo o recurso da Saúde investido na Atenção Primária e enviava R$300 ou R$440 mil reais sabendo que seríamos irresponsáveis”, completa. Ao final, ele enfatiza que se reunirão com o Governador do Estado do Espírito Santo, Renata Casagrande, juntamente com o Médico e Deputado Estadual Dr. Bruno Resende e demais forças políticas para tratar sobre essa pauta tão importante para a população e buscar meios que sejam viáveis e com segurança para todos.